Pacientes com câncer apresentam atualmente uma expectativa de vida mais longa em razão dos avanços no diagnóstico e na terapêutica oncológica. Por outro lado, isso resulta em maior exposição aos fatores de risco para a doença aterosclerótica, o que, associado à cardiotoxicidade dos medicamentos quimioterápicos, leva a um aumento da prevalência e da gravidade da
isquemia miocárdica. Alguns estudos apontam que cerca de 10% dos pacientes com câncer podem ter uma isquemia em decorrência do uso de certos fármacos para o tratamento contra a doença.
A isquemia é caracterizada pela diminuição da passagem de sangue pelas artérias coronárias. Geralmente, é causada pela presença de placas de gordura em seu interior. Quando não são tratadas, essas placas podem romper e entupir o vaso, levando a angina, alterações eletrocardiográficas, arritmias ventriculares, infarto agudo do miocárdio e, em casos mais graves, até a morte.

Relação entre Isquemia Miocárdica e Câncer
A isquemia relacionada à quimioterapia ocorre geralmente nas primeiras fases do tratamento e pode levar à morte até 8% dos pacientes. Quando o paciente apresenta um quadro de isquemia, a retomada do tratamento quimioterápico deve ser realizada com cuidado, sob monitorização cardiológica contínua e após análise criteriosa dos riscos e benefícios do tratamento oncológico, uma vez que a taxa de recorrência da isquemia miocárdica pode chegar a 47%.
Tratamento da Isquemia Miocárdica no Paciente com Câncer
O tratamento inclui o uso de medicações que, quando usadas como profilaxia, não apresentam benefícios aos pacientes. Há ainda a possibilidade de o médico decidir pela revascularização miocárdica, um tipo de cirurgia cardíaca na qual uma ou mais coronárias obstruídas recebem pontes de safena para restabelecer o fluxo sanguíneo para as áreas comprometidas do coração.
No paciente oncológico, a revascularização segue recomendações internacionais. Porém, naqueles expostos à radioterapia, a irradiação torácica pode comprometer os resultados cirúrgicos, dificultando a cirurgia e comprometendo o processo de cicatrização.
Os pacientes com câncer submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica têm ainda um risco aumentado de trombose venosa profunda durante e após a cirurgia.

No Núcleo de Cardio-Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, especialistas nas áreas de oncologia, cardiologia e hematologia trabalham juntos para colocar em prática estratégias que diminuam o risco de isquemia miocárdica e de outras complicações cardiovasculares nos pacientes oncológicos.
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