Há uma relação conhecida entre a quimioterapia e a radioterapia utilizadas no tratamento do paciente com câncer e o desenvolvimento ou o agravamento da
hipertensão arterial. Assim como nos pacientes sem o diagnóstico de câncer, a hipertensão está associada a eventos agudos, como insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico, crises hipertensivas, síndromes coronarianas agudas e insuficiência renal. Entretanto, com a maior sobrevida dos pacientes oncológicos, a hipertensão vem sendo diagnosticada em um número cada vez maior desses pacientes.
Alguns quimioterápicos podem agravar ou induzir à elevação da pressão arterial. A incidência e a gravidade do quadro vão depender da situação geral do paciente, do histórico cardiovascular, do tipo do câncer, bem como do tipo e da dose da terapia antineoplásica.
A hipertensão causada pelos medicamentos pode ocorrer desde a introdução da medicação ou até um ano após o início do tratamento. Estudos mostram que existe uma correlação entre a ocorrência e o grau de hipertensão e a eficácia terapêutica de alguns antineoplásicos. Entretanto, não há evidências de que o uso de anti-hipertensivos interfira na eficácia da terapia contra o câncer.
Tratamento da Hipertensão no Paciente Oncológico
O manejo da hipertensão visa reduzir riscos a curto e médio prazos de a doença se desenvolver, bem como permitir a continuação do tratamento oncológico. O objetivo é identificar a ocorrência da hipertensão e manter a pressão abaixo de 140 x 90 mmHg, ou em níveis mais baixos, em certos casos.
Em alguns pacientes, o controle da pressão pode ser feito por meio da monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA), que auxilia no diagnóstico e tratamento da hipertensão. Além disso, o paciente deve ficar atento para a necessidade de algumas mudanças em seu estilo de vida, como praticar uma atividade física, ter uma dieta balanceada e manter o estresse sob controle.
Logo que o tratamento contra o câncer é iniciado, a detecção precoce e o controle da pressão arterial vão evitar a ocorrência de complicações graves, e o uso de anti-hipertensivos quase sempre é necessário. A recomendação é de que a pressão seja medida antes, na metade e no término da infusão do medicamento, e uma hora depois de finalizada.
A monitorização da pressão deve ser feita também semanalmente, durante o primeiro ciclo de tratamento e, em seguida, pelo menos a cada duas a três semanas durante o tempo que durar a quimioterapia.
O aumento da prevalência do câncer induz ao desenvolvimento e à implementação de novas estratégias de diagnóstico e tratamento cardiovascular. A prevenção da hipertensão começa antes do início da terapia antineoplásica, com o oncologista e o cardiologista trabalhando em equipe e identificando o perfil cardiovascular do paciente para que, posteriormente, decida-se sobre qual a melhor forma de tratamento.
Com o Núcleo de Cardio-Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, os pacientes oncológicos são acompanhados e avaliados por cardiologistas. Graças ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado da hipertensão, o paciente com câncer pode tolerar doses máximas dos quimioterápicos exigidas em seu tratamento sem com isso correr riscos de lesões em órgãos-alvo, como o coração, ao mesmo tempo em que consegue manter o câncer sob controle.
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